tô devagar
Em 2006 eu não cuidei do meu bloguinho como ele merece. Menos que um post por mês!
Passaram-se tantas coisas que eu deixei de registrar... sempre com uma desculpa por não atualizar.
Muitas coisas boas aconteceram e vem acontecendo, mas uma coisa muito triste também aconteceu. Minha vó Ana morreu. E sempre quando lembro, choro. Choro porque não acredito nisso, choro porque eu sinto saudades, choro porque ela sofreu. E choro pelo que eu deixei de fazer. Uma mulher santa, boa, forte e vencedora. Mãe que viu seus sete filhos nascer em casa, provavelmente com dor, e com dor também viu uma filha sua morrer. No silêncio que, com certeza, gritava por dentro dela, lembro direitinho da gente indo pro enterro da minha tia e ela dizendo: "eu sou velha, eu deveria ter morrido no lugar dela". Os olhos da vó se apagaram em dezembro de 1996, quando minha tia Rute sofreu um acidente de carro. Ainda assim, ela teve força pra enfrentar tantos problemas até pouco mais de um mês atrás.
Em março, quando eu estive em Jundiaí, fiquei um tempinho com ela no hospital e não conseguia saber o porquê de tanto sofrimento que ela passava. Mas eu sempre entendi que ela lutava pela vida e lembro direitinho dela dizendo: "Aninha, ora por mim..." ô meu Deus, já chorei tanto, mas não consigo entender nada, essa é a verdade. Por que minha vó se foi, Deus? Ela queria viver, ela era serva fiel, ela era uma pessoa boa, muito boa. Saí de Jundiaí no dia 05/03, voltando sem me despedir dela. Ela tinha acabado de entrar em coma e ido pra UTI. Em dezembro, quando eu tinha ido pra lá, ela tinha me dito várias coisas, que eu deveria me manter forte onde eu estivesse, que era pra eu "aguentar" que ela sabia que eu conseguia. Uma despedida mesmo, sabe... eu não gostei, chorei e pedi por favor pra ela parar. Dia 22/03 acordo 6:00 com uma ligação do meu irmão: "Ana, a vó morreu".
Eu fiquei mal, comecei a chorar e liguei para quem eu pude. O enterro seria no mesmo dia, e não haveria jeito de eu chegar em SP a tempo; ou se houvesse, seria inviável. Achei que eu poderia ficar. Mas estava errada.
Na hora do enterro, liguei daqui de casa pro celular da minha mãe e ouvi o culto, com todo mundo cantando os hinos que ela mais gostava. Ouvi o pastor dizendo: "já fui a muitos velórios, mas não me lembro de nenhum que tivesse tantas flores, tantas coroas. E a dona Ana nem conhecida era, não era uma pessoa pública..." Ela tinha pedido. Disse que gostaria de muitas flores quando morresse; tinha uma coroa que eu e o Ju mandamos: "Saudades dos netos Juliano e Ana". Depois eu ouvi meu vô dizendo que viveu mais de 60 anos ao lado dela e da dor que sentia. Ouvi gente chorando. E, finalmente, ouvi o pastor dizendo: "quem quiser dar o último adeus a irmã Ana, durante o hino pode vir mais perto, e após a música, o corpo será levado em cortejo ao cemitério Parque dos Ipês".
Hoje eu sei que eu deveria ter ido no velório da minha vó. A única neta, dos 17 netos, que não foi, fui eu. A única neta com o nome da vó não estava lá para dar o último adeus. Por que eu não fui? Só eu que não fui me despedir da minha vó, só eu, só eu.
Antes eu estava melhor, como se tivesse acontecido alguma coisa triste, mas previsível. Agora eu venho pioranto. Toda noite que eu penso nisso, que lembro dela, eu choro. Eu sei que minha vó era uma pessoa tão boa, que ela entenderia perfeitamente porque eu não fui; não ficaria triste. Mas eu estou triste comigo mesma. Acho que nunca vou superar isso, choro quase toda noite, eu não consigo acreditar que ela morreu... não mesmo...
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